Foto de Perfil: Sara Rodrigues
“Obviamente que o meu desejo de ganhar estava sempre comigo. A possibilidade estava lá e eu sentia isso, mas como eu não tenho formação na área, parecia-me uma possibilidade muito “longe”.
É talentosa, criativa, cheia de garra, um dos nomes mais conhecidos do mundo da maquilhagem de caraterização e um dos rostos mais bonitos do Cadaval. Chama-se Sara Rodrigues, tem 30 anos e sagrou-se a vencedora do NYX Face Awards 2017, que é como quem diz: fez as mais fantásticas e impressionantes caracterizações que lhe valeram neste verão, uma viagem a Los Angels, conhecer de perto alguns dos mais conceituados caracterizadores do mundo e 1 ano de maquilhagem NIX. À parte disso tudo, continua a ser a simpática e sorridente Enfermeira Sara, que uns conhecem das ruas do cadaval, outros dos corredores do hospital, e outros ainda, das fileiras de foliões que vivem à séria os 3 dias do Carnaval de Torres Vedras.
Já sabemos que foi a vencedora do NIX Face Awards, mas não sabemos mais nada sobre si. Quem é a Sara, afinal?
Tenho 30 anos, sou do Cadaval mas trabalho em Torres Vedras onde sou enfermeira no bloco operatório e a par disso tenho esta paixão, este hobbie que me complementa que é a maquilhagem de caracterização que começou com outra paixão que é o Carnaval. Fui alimentando este gosto à medida que ia complementando a pintura facial com a construção de um fato, de uma história, de um tema. Sempre fui uma pessoa muito ligada às artes desde pequenina. Entrei no teatro de revista aqui no Cadaval, sempre fui ligada à dança, acho que tive sempre alguma conexão com o mundo das artes e da criatividade. Até que cheguei ao concurso do Nix Face Awards que me permitiu fazer maquilhagem de caracterização, colocando-me vários desafios.
Portanto, se podemos perceber, a Sara não tem formação nesta área? É autodidacta?
Sim, sou autodidacta.
Foi então o Carnaval de Torres Vedras que acabou por lhe mostrar que a maquilhagem de caracterização era um caminho a seguir?
Exatamente. Na altura do Carnaval, em Torres Vedras, é sempre lançado um tema, todos os anos e recorrendo a esse tema, eu crio caracterizações relacionadas com o tema. Por exemplo, já sabemos que o tema do próximo ano vai ser o mar. Portanto, criarei caracterizações relacionadas com o mar. O meu marido que tem um hobbie relacionado com o cinema e a fotografia, ( apesar de, como eu, não fazer disso a sua actividade profissional, é como se nós vivêssemos num mundo utópico. Temos as nossas carreiras profissionais mas paralelamente desenvolvemos estas atividades que funcionam como escape), ajudou-me sempre com as fotos e filmes que colocávamos nas redes sociais. Foi a partir daí que as pessoas começaram a conhecer melhor o meu trabalho e a dar um feedback muito positivo.
E a Sara também tem um canal no Youtube…
Sim, também tenho um canal no Youtube. Aliás, daqui a pouco vou lançar mais um vídeo da viagem a Los Angels.
E para além do marido, a restante família, apoia-a?
Sim, muito! Os meus pais apoiam-me bastante. O meu pai, por exemplo, faz trabalhos manuais fantásticos e ajuda-me a fazer chapéus, asas, coroas, sei lá… todo o tipo de acessórios que possa imaginar.
Então esta paixão é transversal a toda a família?
Sim, é uma paixão partilhada.
Então, Sara, como é que foi concorrer e ganhar este concurso? Sentiu logo à partida que tinha boas hipóteses de ganhar ou pelo contrário, nunca teve as expectativas muito altas?
Eu competi com pessoas extremamente talentosas, profissionais da área. Obviamente que o meu desejo de ganhar estava sempre comigo. A possibilidade estava lá e eu sentia isso, mas como eu não tenho formação na área, parecia-me uma possibilidade muito “longe”. Mesmo com esperança, sempre pensei que a hipótese de ganhar fosse mínima. Tive que me superar a mim própria a cada desafio proposto, havia etapas em que eram lançados temas e para passarmos à etapa seguinte era necessária a ajuda do público. Portanto, eu tinha várias coisas contra: Não era profissional da área, não era participativa nas redes sociais, na medida em que não tinha assim tantos seguidores comparativamente a outros concorrentes que tinham milhares de seguidores, foi complicado para mim ter a ajuda do público para passar as várias fases do concurso. Tive que me esforçar muito mais para fazer “campanha” junto de toda a gente que eu conhecia, o amigo, o vizinho, o colega no hospital, sentindo às vezes que estava a chatear pedindo que votassem em mim, mas foi a única forma de conseguir o apoio de que precisava para avançar neste concurso. Fui passando até chegar à final e aí já foi com a votação de um júri.
E como é que foi ganhar? O que é que sentiu quando soube que era a vencedora?
Foi incrível! Foi uma experiencia muito boa. Este é um concurso a nível nacional de prestígio. Muito cobiçado por profissionais da área e eu fiquei muito orgulhosa por ter conseguido ultrapassar os meus obstáculos e sair da minha “caixinha de rotinas”.
E o futuro? Como é que vai ser? Vai manter-se na enfermagem e continuará a ter o seu hobbie na maquilhagem ou pelo contrário, pensa encarar mais a sério este seu lado artístico?
É uma questão complicada, porque conciliar estes dois mundos com o mesmo rigor com que eu encaro a minha profissão principal que é enfermagem, não é tarefa fácil. Eu gostaria de encarar a maquilhagem de uma forma mais séria, mas para já, talvez não seja possível. O que pretendo é aproveitar todas as oportunidades. Tenho tido muitos contactos para fazer maquilhagem, portanto vou aproveitar todas essas oportunidades para explorar mais esta paixão e ver no que é que dá.
Se pudesse trocar a enfermagem pela maquilhagem de caracterização, trocaria?
Não. Não há sustentabilidade na área. Pelo menos em Portugal não há. Para trabalhar na área de forma profissional teria que ponderar sair do país, coisa que eu não quero fazer. Além disso, eu também gosto muito do meu trabalho no hospital. Gosto muito de enfermagem. São trabalhos diferentes: num eu cuido da pessoa, do corpo, no outro eu embelezo, cuido da auto-estima, do espirito.
Na sua actividade profissional enquanto enfermeira, a Sara anda de cara limpinha, não é? A maquilhagem acaba também por ser uma espécie de desforra por aquilo que não pode fazer no seu local de trabalho?
Exactamente! (risos) No meu trabalho não podemos usar maquilhagem exagerada,- só uns pozinhos, rimmel e já está!- como tal posso dizer que sim, não podendo usar maquilhagem no trabalho, fora dele, ponho tudo o que quiser na cara.
A Sara considera que no geral as mulheres portuguesas com quem se cruza, sabem maquilhar-se ou nem por isso?
Sabem. As mulheres portuguesas são naturalmente graciosas e não precisam de exageros na maquilhagem para estarem bem.
E planos para um futuro próximo? Existem?
Não tenho nenhum plano definido. Continuarei a dedicar-me à minha profissão que é a enfermagem, quanto à maquilhagem, vou aguardar para ver o que é que a vida me traz. Vou continuar alimentar o meu canal no youtube e a ideia será incluir também pequenos vídeos com tutoriais de caracterização.
Onde é que a podemos seguir?
Podem seguir-me no Instagram@sararodriguesmakeup, no youtube MakeupSaraRodrigues ou sararodriguesmakeup no Facebook.
Pior defeito-Teimosia
Comida favorita- Comida japonesa
Música favorita- Todas dos Pearl Jam
Local favorito- A minha casa
Local para férias- Filipinas
Melhor momento- O meu casamento
Pior Momento- O stress ligado ao concurso trouxe-me alguns momentos complicados. Fora isso não tive momentos maus.
Fotografia: Margarida Silva
Texto/Entrevista: Ana Cristina Pinto
Texto/Entrevista: Ana Cristina Pinto
Foto de Perfil é uma rubrica do Jornal Região Oeste
Artigo publicado no Jornal Região Oeste
www.facebook.com/JRO-Jornal-Região-Oeste
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