Tozé Martinho subiu ao palco do Eduardo Brazão
Exposição colectiva de Pintura e Teatro de Revista levaram bombarralenses ao Eduardo Brazão
Fernando Pascoal e Mimi Fernandes, fizeram mais uma vez as honras do Teatro Eduardo Brazão presenteando o público com uma exposição de pintura que contou com mais de 1 dezena de telas, de cada um dos artistas e que abriu ao público no passado sábado, 23 de Setembro. Motivos florais, a natureza pincelada pela mão de Mimi e o estilo mais ecléctico de Pascoal, que viaja ao sabor da observação cotidiana do pintor. Paisagem, urbanismo, rostos e corpos, serviram como “pano de fundo” colorido para a obra mais destacada de toda a exposição “ O Ardina” de F.Pascoal. José Manuel Vieira, Presidente da Câmara Municipal do Bombarral, aproveitou o momento da inauguração do evento para entregar aos artistas convidados dois exemplares do livro “ Arte Por Terras do Bombarral que reúne a certificação de vários professores catedráticos e mestres das artes , para o vasto espólio artístico existente no concelho.
Para além da exposição ainda patente até ao próximo dia 8 de outubro, O Teatro Eduardo Brazão voltou a abrir as suas portas à noite, para receber o elenco do “ Tu Queres é Revista” de Tozé Martinho, um dos atores e autores mais conhecidos do país.
Tozé Martinho tem 69 anos, é sobejamente conhecido enquanto ator mas é também o mais experiente argumentista da televisão portuguesa. Chegou às novelas com “Vila Faia”, mas rapidamente passou à escrita. Colaborou com a TVI e a Plural durante 13 anos consecutivos, onde assinou vários sucessos como “A Outra” e “Olhos de Água”. A novela portuguesa mais vista, ”Dei-te Quase Tudo”, também é da sua autoria. Hoje, 40 anos volvidos após o início da sua carreira, dedica-se em especial ao teatro e sobretudo ao teatro de revista. A saúde mais debilitada desde que sofreu um AVC, não lhe permite o ritmo de trabalho de trabalho que fez parte da sua vida ao longo de praticamente toda a sua carreira. Segundo Tozé Martinho escrever novelas já não o fascina como antigamente e refere: “O público está cada vez menos exigente e eu não me sinto aliciado para escrever mediocremente”.
Não é a primeira vez que vem ao Bombarral, pois não?
Não. Eu gosto muito de vir ao Bombarral. É uma terra maravilhosa que tem um Teatro espantoso. Um Teatro lindo!
O público em geral recorda-se muito do Tozé Martinho das novelas, da televisão, mas o Teatro também faz parte da sua vida…
Sim. Eu gosto muito de teatro: Pude trabalhar com actores muito conhecidos e de grande qualidade que me ensinaram muito.
É muito diferente representar para teatro e novela?
Não. Na representação temos que representar bem e mais nada. (risos). Como autor, são muitas horas sentado ao computador a escrever diálogos. E aí sim o trabalho já é diferente.
Quais são as diferenças entre escrever uma novela há trinta anos atrás e hoje? O que é que evoluiu?
Tudo. É a captação, a sensibilidade do público. Mudou o próprio público. As novelas, tal como as conhecemos, ganharam o seu público-alvo, que já não é a juventude, são os mais velhos.
Quando o Tozé cria uma novela, gosta de sugerir atores?
Os fundamentais, aqueles que fazem a história. Isso é muito importante. Se não fazem a história, se participam só, é indiferente, mas aqueles que contam as histórias, sim.
Quando cria um personagem pensa logo num determinado ator para representar esse papel?
Muitas vezes nós sabemos que determinado ator seria ótimo, mas não pode porque está noutra novela ou noutro projeto. A escolha terá que ser sempre sujeita a uma análise certa da pessoa. Isso é fundamental.
Como é que define o público hoje? É mais ou menos exigente relativamente ao que vê na televisão do que era há 10, 15 anos? Acha que ainda se assiste a uma novela só por assistir, ou tem que haver uma ignição de captação?
As pessoas assistem à novela ao mesmo tempo que lêem o jornal. Não há o rigor que havia antigamente. As pessoas já não discutem a novela de uma forma exigente. Agora, a pessoa diz «vi um bocadinho e depois passei para outro canal, depois voltei à novela»…
E acha que esse zapping tem que ver com a falta de exigência do público ou com a perda de qualidade das produções?
Claro. Acho que a qualidade diminuiu… a exigência do público diminuiu…O público está cada vez menos exigente e eu não me sinto aliciado para escrever mediocremente.
Mas não era suposto aumentar essa qualidade, uma vez que já se ganhou experiência desde a “Vila Faia”?
Era. Mas não foi o caminho que se seguiu.
Quantos anos de carreira já somou?
Comecei em 76. Já lá vão 40 anos. Sempre me imaginei a fazer isto. Com grande fervor. E depois tive algumas compensações maravilhosas. A novela mais vista em Portugal fui eu que a escrevi. Chamava-se “Dei-te quase tudo”. Tive prémios fantásticos que nunca mais vou esquecer.
E o Tozé é um homem que dá quase tudo ou dá tudo?
Dou sempre o máximo e melhor de mim. Em todas as situações.
Qual foi o episódio mais marcante da sua vida de ator e escritor?
Tive muitas situações marcantes e absolutamente fantásticas. É difícil para mim escolher só uma. Sou um homem de fé. Acredito que foi pela mão de Deus que cheguei aqui.
Se pudesse voltar atrás, mudaria alguma coisa na sua vida?
Não. Formei-me em direito, exerci advocacia, durante vários anos em simultâneo com o meu trabalho de ator. Tive sempre a vida que quis.
Texto/Entrevista: Ana Cristina Pinto
Fotografia: Ana Cristina Pinto/ Luís de Matos
Artigo publicado no Jornal Região Oeste
www.facebook.com/JRO-Jornal-Região-Oeste
Comentários
Enviar um comentário