Um Paraíso para crianças que nem sonham que ele existe...

              (e faltam 200 mil euros para que ele venha a existir)

Foto de JRO - Jornal Região Oeste.

Hoje constituída IPSS, a Associação Paraíso das Crianças resulta de um projeto que nasceu em 2006. Rosinda Almeida Justino, benemérita da Associação, natural da Sobrena, Concelho do Cadaval, deu-lhe o pontapé de saída. Graças à sua vontade e generosidade, foram dados os primeiros passos para edificar uma casa de acolhimento para crianças em perigo. Foi graças à sua história de vida. (No tempo em que foi criança, se existissem as condições que temos hoje, provavelmente ela teria sido uma criança institucionalizada. Perdeu o pai muito cedo, tinha muitos irmãos e a família era muito humilde. Não foi maltratada mas teve muitas dificuldades). Revela-nos Elisabete Silva, presidente da associação. Anos mais tarde, esta senhora emigrou, conseguiu ser bem sucedida na sua vida e teve sempre esta vontade de criar uma casa que pudesse acolher as crianças que passam por dificuldades. Rosinda Justino, esteve emigrada em França e quando regressou a Portugal trouxe a ideia. Ofereceu 100 mil euros e um terreno onde já se podem ver as paredes daquele que será o refúgio de muitas crianças em risco.

Um grupo de cidadãos composto por solicitadores, advogados, professores e outros, organizou-se no sentido de criar o que se pretende ser um verdadeiro paraíso para as crianças.


“As casas de acolhimento são bastante significativas do ponto de vista social. O centro de acolhimento é o último recurso. Até a criança ser retirada à família, tentam-se todos os meios possíveis para que a criança possa estar no núcleo familiar. No entanto, as situações mais difíceis carecem de outro tipo de resposta e o afastamento dos progenitores, é em alguns casos, necessário.” Diz-nos Elisabete Silva. Ao Jornal Região Oeste, esta responsável explica que “quando as crianças chegam, é feito um projeto de vida temporário, não tanto numa perspetiva assistencialista, mas mais numa perspetiva de elaboração do futuro.” 

Casos haverá em que um período de acolhimento poderá ser reparador e a criança poderá voltar à sua família de origem. Até porque a associação também prevê algum trabalho com a família. Segundo a presidente da associação o apoio psicológico também está incluído. Estas crianças poderão ser integradas em programas de adoção ou noutras situações familiares. “O objetivo da casa é acolher a criança, fazer-lhe o projeto de vida, dando-lhe as condições de educação, de socialização, no fundo aqueles direitos de que é constituída a Carta dos Direitos da Criança.”

A ideia, é prestar o acompanhamento às crianças e jovens até que eles adquiram a sua autonomia, tanto do ponto de vista emocional quanto material.

No projeto estão envolvidas 12 pessoas (núcleo duro), mas muitas outras se voluntariam para ajudar.

Os vários eventos que têm vindo a ser realizados com vista à angariação dos fundos necessários para a conclusão desta casa de acolhimento têm contribuído de forma significativa para que o paraíso das Crianças se torne uma realidade, todavia, ainda faltam cerca de 200 mil euros para que esta obra fique concluída. Até agora já se gastaram cerca de 150 mil euros.

Foto de JRO - Jornal Região Oeste.

No futuro esta casa terá a capacidade para acolher 16 crianças entre os 0 e os 12 anos. Para além do acolhimento, a formação parental é mais uma das valências que a Associação Paraíso da Criança pretende colocar ao dispor das famílias. Apoio à 3ª idade também passa pelos objetivos da associação que vê assim colocada a cereja no topo do bolo que simboliza o maior desejo da benemérita Rosinda: Proporcionar aos mais novos e aos mais velhos, aqueles que estão no inicio e no fim da vida, a melhor experiência possível no que para uns é o inicio de uma caminhada que se espera longa, e para outros, o fim de uma vida nem sempre fácil.

Elisabete Silva, lamenta o facto desta IPSS não estar a receber para já nenhum apoio estatal, uma vez que ainda não se encontra em funções. Todavia, refere, “A Câmara Municipal do Cadaval tem sido muito sensível ao projeto e tem apoiado bastante.”

O espaço que se divide entre zonas de dormidas, refeitório, sala de convívio, biblioteca, espaço polivalente que inclui amplas salas de estudo, conta ainda com um espaço exterior que permitirá a criação de zona de jogos para promover a prática do desporto, e também um parque infantil. No fundo, o que se projecta ali, naquele terreno entre e o Peral e a Sobrena, é o sonho de uma mulher que pode nunca vir a conhecer o paraíso, mas que quis deixá-lo para crianças que nem sonham que ele existe. 

Texto: Ana Cristina Pinto
Fotografia: Ana Cristina Pinto
Artigo publicado no Jornal Região Oeste
www.facebook.com/JRO-Jornal-Região-Oeste


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