Anda Comigo ver …O Miguel Araújo



Nasceu e vive no Porto, tem 39 anos e é um “poço de energia” em cima do palco. A voz que lhe sai da garganta ondula entre tons mais graves e agudos, e os dedos dedilham as cordas das guitarras e violas com uma destreza imparável. Em Maio último lançou o seu mais recente trabalho “Giestas” que considera “um disco de memórias, e as memórias não são do passado, são do presente.” Refere. Miguel Araújo, o homem do norte que ficou conhecido nos “Azeitonas”, hoje é um dos mais bem sucedidos músicos portugueses, a quem muitos já chamam “ o 2º Rui Veloso”. 

Por ocasião de mais uma edição do Festival do Vinho Português e Feira da Pera Rocha do Bombarral, Miguel Araújo apresentou-se no palco com Joana Almeirante e encantou as várias centenas de pessoas que resistiram às temperaturas frias que se fizeram sentir na noite de 10 de Agosto.



Foi a primeira vez que esteve no Bombarral?

Sim. Aqui no Bombarral foi a primeira vez. Mas já antes tinha estado a tocar aqui perto, com os Azeitonas. Caldas da Rainha, Alcobaça…É uma zona do país de que gosto muito.

Como é que sentiu a receptividade do público?

Foi muito boa. Os Portugueses têm esta coisa boa. São muito acolhedores e quando gostam de um músico ou de uma banda, demonstram-no com muita afetividade.

E há músicas que o público espera ansiosamente que cante, como o “Anda comigo ver os aviões”…

Sim. Essa música tem uma carga de ternura muito grande. Escrevi-a para eternizar de alguma maneira a minha infância. É sempre muito emotivo ver uma multidão a cantá-la em uníssono.



Sente que as pessoas ainda o associam muito aos Azeitonas, ou agora já têm como referencia o nome Miguel Araújo?

Sim. Ainda me associam muito aos Azeitonas, o que é natural, pois foi aí que eu comecei e orgulho-me disso. Aprendi muito nessa fase da minha vida. Foi um percurso importante para o que faço e para o que sou hoje.

Mas hoje também já há quem lhe chame o 2º Rui Veloso. Sente-se bem com isso?

Sinto-me honrado com a comparação, mas o Rui Veloso será sempre o Rui Veloso e o Miguel Araújo será sempre o Miguel Araújo.

Mas é uma referência para si?

É um dos maiores músicos portugueses. Acaba sempre por ser uma referência.

No palco, o Miguel mostra um enorme à vontade e uma energia surpreendente. Também é assim fora dele?

Não. Curiosamente sempre fui e continuo a ser uma pessoa muito tímida. Quando estudava era daqueles miúdos que andavam sempre pelos cantos e não interagia muito. Acho que é uma característica de quem é músico ou escreve. Temos uma antipatia natural por sermos o centro das atenções. Então, no caso dos músicos, a contradição dá-se quando somos chamados ao palco. Durante uns tempos é estranhíssima a sensação de termos tanta gente a olhar para nós. Só há bem pouco tempo é que deixei de ter cólicas fortíssimas antes de entrar no palco.

E esta noite entrou no palco acompanhado pela Joana Almeirante, que a maioria dos portugueses ainda não conhece. Como é que a conheceu?

Conheci a Joana num grupo que toca em Santa Maria da Feira. Tendo em conta as qualidades vocais e de instrumentista que a Joana tem, não hesitei em convidá-la para a banda.



Texto/Entrevista: Ana Cristina Pinto
Fotografia: Ana Cristina Pinto

Artigo publicado no Jornal Região Oeste
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